sexta-feira, 14 de maio de 2010

Tributo ao Engenheiros do hawaii






O céu é só uma promessa.

Certa vez Humberto Gessinger declarou ser descrente quanto ao sucesso de suas músicas, já que o público não encontraria significado óbvio nelas.

Enganou-se em partes, visto que a parcela de pessoas tocadas em sua essência pelas composições repletas de personalidade despertou para um novo universo musical e inundou-se de encantamento em meio à tamanha genialidade.

Gessinger abordou temas que passam pelas questões sociais até a melancolia de nosso ser; inaugurou uma maneira muito particular de dizer o que quer sem precisar dizer; usou e abusou da dubiedade, dos paradoxos e de generosas doses de sarcasmo e levou o tradicionalismo gaudério para todo o país.

É desanimador pensar que apesar de ser composta por todos os elementos necessários, a banda Engenheiros do Hawaii jamais alcançou o reconhecimento merecido.

E é com triste pesar que obrigo-me a concordar com Gessiger. Suas canções não “caíram no gosto popular” porque não foram escritas para agradar aos ouvidos acostumados a ouvir Nxzero, Calypso e as centenas de grupos de pagode. Elas possuem uma delicadeza em sua poética, um refinamento em seus versos e um conteúdo em suas letras jamais alcançadas por outro músico ou compositor, além de “exigir” de seus ouvintes um mínimo possível de repertório cultural. Afinal quem mais poderia falar sobre temas como a atração sexual, por exemplo, de maneira tão encantadora e delicada: “… Seus lábios são labirintos, que atraem os meus instintos mais sacanas e o seu olhar sempre me engana. É o fim do mundo todo dia da semana…”

É natural que a grande massa não aprecie Engenheiros do Hawaii, já que nem ao menos são capazes de compreender o que estão ouvindo.

Se “Sexo, drogas e rock n’ roll” não são mais o sonho de todos os que são ou foram adolescentes com certeza deve-se à misantropia e à inércia diante a decadência cultural. Afinal, quem já não sonhou em revolucionar o mundo, derrubar paradigmas e fazer da guitarra uma espada na mão (como diria nosso saudoso Raul Seixas)?

Porém, quando se cresce descobrimos que tudo isso não passa de pura ilusão juvenil e que talvez o céu seja mesmo apenas uma promessa.

Um comentário:

  1. O problema naum é escrever músicas que naum caíram nas graças do povo, o problema é ser "peixe fora d'água, borboletas no aquário". Engenheiros canta para ouvidos que levam vibrações sonoras para cérebros despreparados e, desde pequenos (criança), ludibriados a pensar que boa música nada mais é do que um ritmo dançante (axé, forró, calpso e afins) com ausencia grotesca de letra e molodia.
    Como disse Tico Santa Cruz, "será que um dia essa geração deixará de ser TEEN para ser JOVEM mais uma vez?"

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